domingo, 13 de maio de 2012

A igreja e a pós-modernidade

Por Danyllo Gomes

A igreja atual tem sofrido várias influencias da pós-modernidade. Para entendermos essas influências, os porquês dessas influências e várias outras questões, vamos entender como surgiu o pós-modernismo e o seu contraste com o modernismo. Vou tentar fazer um breve resumo das características de cada pensamento.
O modernismo é caracterizado pelo pensamento que nós podemos enxergar tudo através da nossa razão, então o que não era possível explicar pela razão, não seria verdade. Algumas características: naturalistas (afirmavam que não existe sobrenatural); humanistas (tudo pode ser explicado a partir do homem, pelo homem); racionalistas (a razão é capaz de fazer tudo com o mundo); surgiu a ideia do método científico (como se fosse um teste para saber se algo era verdade ou não, ou seja, tudo que passasse pelo método científico é verdade); acreditavam na “certeza objetiva”; acreditavam no progresso indefinido (a humanidade estava avançando para um ápice, um progresso grandioso); individualistas (a razão é de alguém, e quem define é o indivíduo que pensa); determinista (as ações humanas são determinadas por algo, pela cultura ou pela sociedade, ou qualquer outro meio); critica a tradição (tudo o que era passado é visto como inferior). Uma visão importante que temos que ter sobre o modernismo é que eles entendiam que eles precisavam entender Deus com sua razão, e esse pensamento irá levar a vários erros (por exemplo, os liberais não acreditam em milagres, pois os milagres não podem ser provados racionalmente).
Já o pós-modernismo foi uma resposta ao modernismo. Esse pensamento levou as pessoas ao esoterismo, pois hoje se valoriza qualquer coisa que tenha uma interpretação sobrenatural da realidade. Algumas características desse pensamento são: sobrenaturalista (dão muita ênfase ao sobrenatural); desespero humanista (vivemos num universo tão “absurdo” que o ser humano não tem nenhuma saída); irracionalistas (valorizar outras coisas no ser humano que não seja a razão (intuição), e consequentemente começa a surgir o misticismo); conhecimento do “inverto-mal”; não acreditavam em certeza objetiva; relativistas (não há certeza); rejeição do progresso (não acredita no progresso); pluralismo (o que vale é a verdade do grupo, e não do indivíduo); valor da existência (busca pela liberdade que o Determinismo do modernismo proporcionou [busca por experiências que dê sentido a vida]); todas as tradições são boas. Diferentemente do modernismo, o pós-modernismo não acredita que o homem precisa entender Deus com sua razão. Em contraposição com o modernismo (enfatizava muito o racionalismo) surgiu o movimento carismático, onde as pessoas estavam começando a buscar emoções, experienciais. As pessoas não iam mais para a igreja para entender Deus, eles iam para sentir Deus.
Todos esses pontos que analisamos acima sobre o pós-modernismo estão se infiltrando dentro das nossas igrejas e destruindo nossa teologia, nosso povo e o evangelho de Cristo. Esse paradigma mudou de uma forma impressionante a sociedade, e juntamente com essa mudança, acabou-se influenciando a igreja que faz parte da sociedade.
O pentecostalismo, que se diz um movimento cristão, na verdade, não tem nada de cristão. Os principais líderes dessa linhagem são tão sincretistas que o cristianismo que eles afirmam que seguem acaba se perdendo em tanto misticismo não bíblico que esses homens usam. As pessoas estão todas muito “sobrenaturais” hoje, e as pessoas que se dizem cristãs acabam entrando nessa ideia e acreditam que uma “rosa ungida” irá tirar seus problemas, acreditam que um copo de água vai curar o braço doente, e assim por diante; absurdo após absurdo e as pessoas acreditam em tudo. Exemplos práticos temos aos montes, televisão é o que mais se ver sobre esse misticismo descontrolado. Hoje existe cristão espírita, cristão católico, vários tipos de cristãos. A igreja hoje se misturou com outras religiões. Não tem religião definida.
Outra influencia que tem acabado com a igreja cristã é o pluralismo. Não existe mais verdade absoluta. A Bíblia que era a única regra de fé e prática agora passa a ser relativa. O relativismo quando alcança o cristianismo destrói verdades fundamentais, verdades que não podem ser negociadas por nada, e por causa do pensamento pós-moderno, a própria igreja cristã, em vez de defender a verdade absoluta da Bíblia, acaba sendo influenciada pelo relativismo e pluralismo, e a igreja em si fica acabada. Cristãos que antes defendiam com unhas e dentes as verdades bíblicas, hoje influenciados pelas ideias pós-modernas terminam confundindo suas convicções e crenças e terminam apostatando da fé que uma vez era tudo em sua vida.
Alguns traços que o Pr. Marcos Graconato trata de forma resumida sobre, mas específica sobre as igreja pós-modernas são as seguintes: uma hermenêutica relativista, um discurso conciliador, uma ênfase excessiva na liberdade humana e um afrouxamento ético/moral. Em resumo, as igrejas pós-modernas tem esses pontos que os distinguem das igrejas históricas.
A hermenêutica relativista não busca o significado fixo do texto bíblico, ela afirma que pode ter vários significados. Caso o pastor pregue em determinado texto, ele irá expor esse texto de determinada forma. Mas em casa, um dos membros pode olhar para o texto e ver que aquilo que o pastor pregou é errado, porque o membro acredita que o texto bíblico tem vários significados. Ele acredita que nem ele nem o pastor estão errados, os dois estão certos, só que tem visões diferentes. Praticamente não há absolutos. Mas sabemos que isso é errado. A Escritura só tem uma verdade e devemos busca-la.
Resumindo, o discurso conciliador não define o que é certo ou errado. Para eles qualquer tipo de espiritualidade é válido. E sabemos que esta forma de pensar está errada, pois se formos pensar dessa maneira vamos está rejeitando a veracidade do cristianismo, que é o único lugar onde se pode obter a salvação, que é através de Cristo Jesus. Junto com isso entranha igreja as várias práticas de outras religiões que são totalmente reprovadas pela Bíblia. Começamos a ver cristãos fazendo yoga, sendo maçons, cristãos que no domingo está na igreja cristã, mas na quarta-feira está no espiritismo. É espiritual? Tá valendo! Isso é o que os cristãos pós-modernos avaliam.
A ênfase na liberdade excessiva é o que distancia vários deles. Colocam a escolha do homem acima da própria Bíblia. Cada pessoa pode interpretar livremente, pode viver livremente. E como bem sabemos isto no leva ao distanciamento da Soberania de Deus. Quanto maior a ênfase na liberdade humana, menor fica a ideia da soberania de Deus. Temos muitas dúvidas, sim. Mas colocar como solução a liberdade humana acima da Soberania do Senhor é loucura. Como o cristão pode pensar que é dono do próprio destino? Ele quem traça seu próprio caminho? O Teímos Aberto trás exatamente essa ideia.
O afrouxamento ético/moral é consequência de todos esses pontos. Liberdade excessiva, hermenêutica relativista. Nesse universo pós-modernista quem impera é o homem. Até a própria moralidade/ética que é definida por Deus, o homem começa a “reescreve-la” e fazendo o que bem entende. Não é a toa que temos várias pessoas que se dizem cristã e vivem no homossexualismo; divórcio já virou moda entre os próprios cristãos; péssimo uso da liberdade cristã.
A igreja virou de cabeça para baixo com o pós-modernismo. O que era pecado se tornou santidade, o que era absoluto se tornou relativo, o que era certo se tornou errado. A igreja em vez de influenciar a sociedade se deixa influencia por ela. Precisamos entender para sabermos lidar com essas ideias e podermos combate-las como sendo mentiras do diabo que só iram destruir o povo de Deus. O mundo continua, já ouve pré-modernismo, modernismo, agora pós-modernismo, e creio que ainda irão ter vários “modernismos”, mas sempre foi somente um Cristo, uma verdade, um cristianismo, uma Bíblia. Isso não muda.

Soli Deo Gloria.