quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O Culto do Senhor – Parte II


             
Por Danyllo Gomes

            No estudo anterior lancei algumas reflexões e perguntas retóricas para nós em relação ao culto. Se você refletiu espero que o Senhor tenha falado grandemente ao seu coração através do estudo, se não esteja em oração, sempre buscando a verdade do Senhor.
            Neste estudo vou falar um pouco sobre algumas evidências históricas (o uso do culto e a devida importância dada a ele) entre os reformadores do Século XVI e as confissões. A reforma do Culto do Senhor foi a mais importante entre as doutrinas mais enfatizadas pelos reformadores. Não podemos negligenciar essa doutrina só porque às vezes pensamos que existem doutrinas mais importantes para se preocupar, a reforma do culto deve ser uma prioridade no nosso crescimento espiritual.
            Agora vou citar um pouco dos pensamentos dos reformadores:
Calvino, grande reformador de Genebra no seu escrito The necessity of Reforming the Church (A necessidade de reformar a igreja), ele afirma:
...a regra que distingue entre o culto puro e o culto corrompido é de aplicação universal, a fim de que não adotemos nenhum artifício que nos pareça apropriado, mas atentemos para as instruções do Único que está autorizado a legislar quanto ao assunto. Portanto, se quisermos que Ele (Deus) aprove nosso culto , esta regra, que Ele impõe nas Escrituras com o máximo rigor, deve ser cuidadosamente observada. Pois há duas razões pelas quais o Senhor, ao condenar e proibir todo culto fictício , requer que obedeçamos apenas a Sua voz: primeiro, porque não seguir o nosso próprio prazer, mas depender inteiramente da Sua soberania, promove grandemente a Sua autoridade. Segundo, porque a nossa corrupção é de tal ordem, que quando somos deixados em liberdade, tudo o que estamos habilitados a nos fazer é nos extraviar. E então, uma vez desviados do reto caminho, a nossa viagem não termina, enquanto não nos soterremos numa infinidade de superstições...”

John Knox, grande reformador Escocês, em seu livro Primeiro livro de Disciplina da Igreja da Escócia, escrito em 1560 condena como doutrinas pagãs:
...qualquer coisa que homens, por leis, concílios ou constituições têm imposto sobre as consciências dos homens, sem mandamento expresso na Palavra de Deus – tais como votos de castidade... imposição a homens e mulheres do uso de diversas vestes especiais, observância supersticiosa de dias de jejuns, abstinência de alimentos por motivo de consciencia, oração pelos mortos, e a guarda de dias santos instituídos por homens, tais como todos aqueles que os papistas tem inventado, com as festas aos apóstolos, mártires, virgens, natal, circuncisão, epifania (reis), purificação e outras festas – coisas essas que, não tendo mandamento nem endossa nas Escrituras de Deus, julgamos devam ser completamente abolidas do nosso reino; declarando ainda, que obstinados observadores e ensinadores de tais abominações não devem escapar à punição do Magistrado Civil.” [1]
([1] John Knox’s History of the reformation in Scotland, vol. 2, ed. William Dickinnson (New York: Philosophical Library, 1950), p. 281.)

A confissão Belga afirma:
Cremos que as Escrituras Sagradas contêm de modo completo a vontade de Deus, e que tudo o que o homem está obrigado a crer para ser salvo é nelas suficientemente ensinado. Portanto, já que toda forma de culto que Deus requer de nós se encontra nelas amplamente descrita, não é permitido, ao homem... ensinar nenhuma outra maneira (de culto) exceto aquela que agora é ensinada nas Escrituras Sagradas.
...
ARTIGO 32 – A ordem e a disciplina da igreja
Cremos que os que governam a igreja devem cuidar para não se desviarem do que Cristo, nosso único Mestre, nos ordenou; [1] embora seja útil e bom que entre eles se estabeleça e conserve determinada ordem para manter o corpo da igreja.
Por isso, rejeitamos todas as invenções humanas e todas as leis que se queiram introduzir para servir a Deus, mas que venham, de qualquer maneira, comprometer e constranger a consciência. [2] Aceitamos, então, somente o que serve para promover e guardar a concórdia e a unidade, e para manter tudo na obediência de Deus...”
 [1]1 Tm 3:15. [2] Is 29:13; Mt 15:9; Gl 5:1
(Confissão Belga, Bíblia de Genebra Edição Revista e Ampliada,2ª Ed., 2009, p. 1758)


George Gillespie um dos ministros representantes da Escócia na Assembléia de Westminster afirma o seguinte:
A igreja é proibida de acrescentar qualquer coisa aos mandamentos que Deus nos deu, concernentes ao Seu culto e serviço, Deut. 4:3; 12:32; Prov. 30:6; por conseguinte, ela não pode prescrever coisa alguma relacionada à prática do culto divino, que ultrapasse mera circunstância : tudo é incluído naquele tipo de coisas que não são tratadas nas Escrituras... A igreja Cristã não tem maior liberdade para acrescentar (coisas) ao mandamento de Deus do que tiverem os judeus; pois o segundo mandamento é moral e perpétuo, e nos proíbe, bem como a eles, as adições e invenções humanas no culto a Deus.” [1]
 ([1]George Gillespie, Dispute Against the English Popish Ceremonies Obtruded on the Church of Scotland (Edinburgh: Robert Ogle and Oliver & Boyd), p. 133.)

John Owen, um dos maiores líderes evangélicos, e sem dúvida, um exemplo de vida cristã, escreve sobre o culto, ele diz:
...a invenção arbitrária de qualquer coisa imposta como necessária e indispensável no culto público a Deus, como parte desse culto, e o uso de qualquer coisa assim inventada e ordenada no culto é ilegal e contrária à regra da Palavra... Portanto, todo o dever da Igreja com relação ao culto a deus, aprece consistir na precisa observação daquilo que é prescrito e ordenado por Ele (Deus).”

Alexander Hodge comenta na Confissão de Westiminster, no capítulo XXI e parágrafo I que:
Nós já vimos, ao comentar o capítulo primeiro, que Deus nos deu as Escrituras como uma regra infalível, autoritativa, completa e clara de fé e prática... Isso implica necessariamente que, visto Deus prescreveu o modo como nós devemos cultuá-lO e servi-lO de modo aceitável, é uma ofensa para Ele o pecado da nossa parte, tanto negligenciar o modo por ele estabelecido, como proferir praticar o nosso próprio modo de culto... visto que a natureza moral do homem é depravada, seus instintos religiosos pervertidos, e suas relações com Deus invertidas pelo pecado, auto-evidente que uma revelação positiva explícita é necessária, não apenas para dizer ao homem que Deus admite ser cultuado, mas também para prescrever os princípios com base nos quais, e os métodos pelos quais este culto e serviço deverão ser prestados. Como já foi antes demonstrado a partir das Escrituras... toda maneira de culto da vontade, de atos e formas auto-escolhidas de culto são abominações diante de Deus.”

A Confissão de Fé de Westminster quando referida ao culto no capítulo XXI afirma:
...o modo aceitável de adorar ao verdadeiro Deus é instituído por Ele mesmo, e é tão limitado pela Sua própria vontade revelada, que Ele não pode ser adorado segunda as imaginações e invenções dos homens, ou sugestões de satanás, nem sob qualquer representação visível, ou de qualquer outro modo não prescrito nas Escrituras Sagradas.” [1]
([1]Capítulo XXI, parágrafo 1. Cf.Fé para Hoje; Confissão de Fé Batista de 1689 (são José dos Campos,SP: Editora Fiel, 1991.)

            Acabamos de ver um pouco o que os cristãos passados e confissões afirmavam sobre o culto do Senhor. Precisamos colocar em nossas mentes que esse tipo de Culto e esse princípio não é mera invenção humana, mas sim  um princípio com base nas Escrituras.
Que o Senhor nos dê um coração como o desses homens, que buscaram ser fieis nos princípios do Senhor e procuraram adorá-lO da forma verdadeira. Que o Senhor tenha misericórdia de nós, que várias vezes não nos submetemos aos seus princípios por causa do nosso orgulho e bem estar.
                                       
                                              Que Deus nos abençoe.

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